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João Daniel de Sines, Raspalhista

João Daniel de Sines

O herói novecentista de Sines é um combatente liberal que se torna médico popular. Destaca-se nas lutas contra o miguelismo e no combate às epidemias de cólera e febre-amarela.

Rebelde liberal

João Daniel dos Santos nasce em Sines em finais de fevereiro de 1809. É batizado no dia 6 de março.

No serviço militar, começam a tratá-lo pelo nome da terra de origem.

Frequenta o seminário de Santarém, mas opta pela carreira militar.

O regimento de infantaria onde assenta praça revolta-se contra o poder miguelista. É preso no Castelo de São Jorge como rebelde liberal. É torturado, mas, por influência de amigos, escapa ao fuzilamento.

Beneficiado por uma amnistia, acaba por ser incorporado no exército de Dom Miguel.

Durante o cerco do Porto, mostra de que lado está. Atravessa o Douro a nado e apresenta-se a D. Pedro IV. Depois da vitória liberal, é condecorado com o hábito da Ordem Militar da Torre Espada.

O período mais tranquilo da sua vida (1840-44) é passado como pacato professor primário em Lisboa. Mas as suas posições políticas continuam publicamente marcantes.

É perseguido como "revolucionário ultraprogressista" por velhos amigos liberais.

Medicina de Raspail

Preso na Torre de Belém [Arnaldo Soledade diz Torre de São Julião da Barra], dedica-se ao estudo da medicina de Raspail, cientista francês de quem ganha a alcunha.

Depois de libertado, funda a Sociedade Humanitária Raspalhista, que age nas epidemias de cólera (1856) e de febre-amarela (1857). Recebe o segundo agraciamento público (comenda da Ordem de Cristo).

Ganha destaque como médico popular. Critica os métodos dos médicos reais, que acusa de terem deixado morrer D. Pedro IV e os seus irmãos. Prepara um elixir (Água de Raspail) baseado na panaceia do cientista francês: a cânfora.

Acusado de exercer medicina sem habilitações reais, faz a sua própria defesa e é absolvido do processo. O povo vai buscá-lo ao Tribunal da Boa Hora e leva-o em ombros. O seu julgamento é publicado num opúsculo de grande tiragem.

É publicista nos jornais "O Portuguez" e "O Patriota". Entra em conflito com a Igreja.

Acusa os Jesuítas de tentarem reentrar no país. A lei da liberdade de imprensa protege-o da prisão mas não da excomunhão.

Deixa várias obras de caráter religioso e científico, hoje pouco acessíveis.

Morre a 19 de abril de 1878, em Lisboa.